Influência dos irmãos ajudou Ednélio a deixar faculdade e ser um bullriding
By: Jorge Cardoso / PBR Brazil terça-feira, 26 de maio de 2020 @ 15:36
Quem é o caçula da família sempre será o mais paparicado. Não adianta. Isso é cultural e todo irmão mais novo sabe que isso é uma verdade. E não foi diferente com Ednélio Rodrigues, sempre amparado pela família e os irmãos mais velhos.
Criado no sítio, o competidor de 26 anos hoje sempre gostou de rodeios e todo o universo country, especialmente com as tradições culturais dos estados de Rondônia e Mato Grosso, regiões do centro-oeste brasileiro.
“Eu gostava muito de brincar de montar nos touros. Meus dois irmãos mais velhos eram mais experientes e me ensinavam um pouco. No entanto, o foco meu e dos meus pais sempre foi que eu estudasse. Não pensava em ser um competidor”, comenta.
No entanto, o irmão mais velho de Ednélio tinha uma opinião contrária à vida acadêmica. “Ele dizia que eu deveria ser jogador de futebol ou competidor de montaria em touros”.
Aos 15 anos de idade, foi morar em uma cidade maior para terminar os estudos e se dedicava ao máximo a eles, além de se manter sempre conectado com a igreja por ser muito religioso. “Então eu não acompanhei mais nada de rodeio. Eu sempre estava envolvido com os estudos, comecei a jogar futebol na escola e em times pequenos, e sempre tinha envolvimento com ações na igreja”.
Em 2011, ao terminar os estudos no ensino médio, Ednélio retornou para sua cidade onde seus pais moravam para ajudá-los na fazenda. “Alguns amigos andavam mais de quarenta quilômetros para montar em touros. Eu raramente os acompanhava porque ainda queria me dedicar aos estudos”.
As opções para continuar em uma vida acadêmica eram nas áreas da fisioterapia ou biologia. Inclusive, uma das irmãs de Ednélio faz doutorado em biologia na Europa.
Meados de 2014, seu irmão mais velho montou uma boiada focada para participar de rodeios na região onde moravam. “Comecei ajudando meu irmão, montava um pouco, mas ainda era só para diversão. Aos poucos fui pegando gosto porque vi que tinha jeito”, acrescenta.
Mas os pais não apoiavam a ideia de ter um filho como competidor. Era a preocupação com acidentes — e também por ele ser o mais novo dos sete filhos.
“Uma vez, minha mãe chegou a falar para eu parar com o rodeio e voltar para casa que ela pagava a minha faculdade e até me dava um carro”, diz.
No entanto a paixão de Ednélio pela montaria em touros só foi crescendo. Em 2018, ele entrou para a PBR (Professional Bull Riders) Brazil. “Meus pais me disseram que se eu tinha vontade de ir para os Estados Unidos, que eu me dedicasse e fizesse as coisas darem certo. Mas que eles sempre estariam preocupados e aqui para me ajudarem”, comenta.
Claro que toda família de Ednélio o apoia, e muito. O lema sempre foi “pode ir ao rodeio, mas firma sempre na igreja, sem bagunça”. E isso ele segue à risca.
A ida aos Estados Unidos estava prevista para final de 2019, no entanto, um acidente de trânsito em rodovia e em um rodeio aberto adiantaram seus planos. “Eu não consegui montar direito em 2019. Parecia que estava começando a montar. Estava indo não como eu queria. Agora, em 2020, com a pandemia, vou ter de adiar novamente”, completa.
Ednélio pretende se aposentar aos 31 anos e seguir a carreira como pastor evangélico. “Quero ficar mais perto da minha família. Já fiquei um ano sem ver meus pais. Sou nascido e criado dentro da igreja e tenho isso no meu coração”, explica. “Adoro estudar, mas dei um ‘tchau’ para a carreira acadêmica”, brinca.